quinta-feira, 7 de julho de 2011

Greve da polícia deixa 300 homicidas soltos no RN

A greve dos policiais civis no Rio Grande do Norte completa hoje 50 dias.

Nunca uma paralisação da categoria durou tanto no estado, segundo informa o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol). A intransigência entre Governo do Estado e a categoria tem caracterizado o movimento e deixado a sociedade potiguar à mercê de pelo menos 300 criminosos que cometeram homicídios e não estão presos porque a Polícia Civil não concluiu as investigações e não remeteu os inquéritos para o Ministério Público. Os números foram fornecidos pela Promotoria de Justiça de Investigações Criminais e do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial e constatam a existência de 200 inquéritos inconclusos na região metropolitana de Natal e mais 100 no município de Mossoró.

A situação é considerada grave pelo promotor Wendell Bethoven Ribeiro Agra, inclusive porque a população fica vulnerável à ação dos criminosos. No seu gabinete, que normalmente fica cheio de processos, no momento da entrevista não havia nenhum inquérito para ser analisado. "A polícia investiga e manda o inquérito para o Ministério Público processar os criminosos, mas, mesmo sendo otimista, apenas 10% desses inquéritos estão chegando à promotoria. Esses crimes não estão sendo investigados, ou seja, é criminoso na rua, é criminoso impune", disse.

Enquanto as delegacias sofrem com a falta de policiais, a categoria também não cumpre a decisão do Tribunal de Justiça que, através do desembargador Caio Alencar, determinou que toda delegacia especializada tenha que funcionar com efetivo de 50% dos policiais. "O próprio Sinpol admite que estão em atividade 35% da categoria, comprovando que a atividade da Polícia Civil está praticamente parada, fazendo o básico do básico, fazendo praticamente o que a PM faz, ou seja, prendendo e efetivando o auto de prisão em flagrante", afirma o promotor.

Embora considere algumas reivindicações dos policiais justas, Wendell Bethoven afirma que a paralisação é inconstitucional porque "quem exerce função essencial e indelegável, como é o caso da polícia, não pode fazer greve". "O governo não pode contratar temporiamente alguém para substituir um policial em greve, diferente de um professor, que pode contratar estagiário ou um profissional temporariamente. Como ficará a população se os policiais resolverem passar cinco meses de greve?", questiona ele, alegando que a situação é delicada e que, apesar da população estar desassistida, o poder público e os servidores parecem não perceber a gravidade do problema.


Fonte:Dn Online

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